quarta-feira, 15 de agosto de 2012


O cometa Hale-Bopp (inicialmente catalogado como c/1995 O1) foi, provavelmente, o cometa mais amplamente observado no século XX, e um dos mais brilhantes avistados em muitas décadas. Foi possível acompanhar sua passagem, a olho nu, por um tempo recorde de 18 meses, o dobro de tempo que o recordista anterior, que foi o Grande Comenta de 1811. O Hale-Bopp foi descoberto em 23 de Julho de 1995, há uma grande distância do Sol, criando uma forte expectativa de que o cometa estaria incrivelmente brilhante quando alcançasse o seu periélio, que acontece quando o ponto da órbita, de um corpo celeste qualquer, se encontra mais próximo do Sol. Apesar dessa ser uma previsão sem muita exatidão, aconteceu que o Hale-Bopp alcançou, ou até mesmo excedeu, essa previsão, quando alcançou seu periélio a primeiro de Abril de 1997. O cometa também foi apelidado de Grande Cometa de 1997.

Foto: Richard Wainscoat
Foi descoberto por dois astrônomos e observadores amadores, Alan Hale e Tomas Bopp, ambos norte-americanos. Antes da descoberta, Hale já havia passado grande parte de sua vida observando o espaço em busca de cometas, sem sucesso. No dia da descoberta, ele estava observando cometas conhecidos na sua cidade de Cloudcroft, no Novo México, quando, por acaso, encontrou o Hale-Bopp, logo depois da meia-noite. O cometa aparentava ter uma magnitude de 10,5, e se encontrava próximo ao aglomerado globular de Messier 70, na constelação de Sagitário. Inicialmente, Hale procurou confirmar que não houvesse outro objeto no espaço sideral próximo da Messier 70, consultando um diretório de cometas conhecidos, concluindo que não havia um sequer naquela área do céu. Uma vez que ele havia estabelecido que o objeto estava se movendo em relação às estrelas de fundo, ele entrou em contato por email com o Escritório Central de Telegramas Astronômicos, o instituto responsável pela catalogação, confirmação e divulgação das descobertas astronômicas.
Enquanto isso, Bopp estava em Stanfield, no Arizona, observando aglomerados globulares, e galáxias com um telescópio emprestando, quando ele, também por acaso, avistou o cometa. Ele acreditou ter encontrado algo novo quando, assim como Hale, concluiu que não havia algum corpo celeste de tal magnitude conhecido, próximo da Messier 70. Como Hale, Bopp também comunicou ao Escritório Central de Telegramas Astronômicos, por meio de telegrama, ter avistado o cometa. Brian Marsden, que administrava o escritório desde 1968, conta ter rido da situação, “Ninguém mais manda telegramas. Quando a correspondência chegou aqui, Alan Hale já havia nos mandado mais três emails, com as coordenadas atualizadas do cometa”.
Na manhã seguinte, já havia se confirmado que aquele era, de fato, um novo cometa, a ele foi dado o nome de C/1955 OI, sendo anunciado na circular 6187 da União Astronômica Internacional. Alguns historiadores acreditam que o cometa teria sido avistado pelos egípcios antigos, durante o reinado do faraó Pepi I, já que na sua pirâmida em Saqqara, há um texto com os dizeres “nhh-estrela”, como uma espécie de acompanhante do faraó nos céus. O hieróglifo “nhh” significa “cabelo longo”.
A posição espacial do Hale-Bopp foi calculada em 7,2 unidades astronômicas (UA) distante do Sol, colocando-o entre Júpiter e Saturno, muito mais distante que qualquer outro cometa descoberto por observadores amadores até então. Nessa distância, a maioria dos cometas está com seu brilho extremamente fraco, além de mostrarem nenhuma atividade que possa ser discernida, diferente do Hale-Bopp, que a essa distância já tinha sua cauda observável. Posteriormente, foi encontrada uma foto feita pelo Telescópio Anglo-australiano em 1993, onde o Hale-Bopp passou desapercebido, há 13 UA do Sol, distância em que a maioria dos cometas é impossível de ser observada, como o Halley, que, há essa distância, tinha um brilho cerca de 100 vezes mais fraco que o Hale-Bopp.
Análises posteriores concluíram que o cometa tinha 60±20 quilômetros de diâmetro, cerca de seis vezes maior que o Halley. Desde então, acreditou-se que o cometa seria incrivelmente brilhante quando alcançasse o seu periélio, apesar de cometas serem conhecidos por serem imprevisíveis, como o Kohoutek de 1973, que, há grande distância, acreditava-se ser espetacular, sendo até apelidado de “cometa do século”, mas acabou sendo apenas um simples cometa.
O Hale-Bopp se tornou aparente a olho nu durante em 1996, e ainda havia uma grande expectativa de quê seu periélio seria incrivelmente brilhante. No fim daquele ano, ele mal pôde ser obsevado, por estar muito perto do Sol, em relação a Terra, voltando a aparecer apenas em Janeiro de 1997, quando já era satisfatoriamente brilhante para que qualquer pessoa o pudesse observar sem instrumentos, inclusive nas grandes cidades, mesmo com toda a poluição luminosa que eles lugares carregam.
Naquele ano, a Internet já era um fenômeno em crescimento, e o Hale-Bopp se tornou um assunto muito comentado na rede. Diversas páginas foram criadas sobre o assunto, reunindo incontáveis fotos do cometa, vindas de diversos pontos da Terra, nutrindo fortemente o interesse do público pelo Hale-Bopp, sendo uma das primeiras vezes que a Internet uniu o mundo em torno de um só acontecimento.
O cometa alcançou seu periélio a primeiro de Abril de 1997, apresentando um esplendor inacreditavelmente brilhante, jamais vista. O brilho era tão forte, que era facilmente observável mesmo durante as horas mais claras do dia. Com as suas duas caldas, o Hale-Bopp conseguia ocupar cerca de metade do céu. As últimas visualizações a olho nu do cometa aconteceram em Dezembro de 1997, contando com 569 dias observáveis sem o uso de instrumentos. Atualmente, o cometa ainda é observável com o uso de grandes telescópios, se encontra após Urano, ainda sendo possível observar uma de suas caudas. Astrônomos calculam que o cometa se mantenha observável, com o uso de telescópio, até 2020.


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